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Demitir em meio à crise constitui erro clássico dos pequenos empresários

O cenário é de escassez de crédito e queda na demanda. A crise mundial tem levado muitos empresários a não pensarem duas vezes antes de dispensar funcionários.

Fonte: InfoMoney

O cenário é de escassez de crédito e queda na demanda. A crise mundial tem levado muitos empresários a não pensarem duas vezes antes de dispensar funcionários.

Entretanto, especialistas do Sebrae afirmam que este é um erro clássico. O gerente da Unidade de Atendimento do Sebrae Nacional, Enio Duarte Pinto, alertou que o empresário deve colocar na ponta do lápis os custos com a rescisão contratual de um empregado, já que os encargos são altos e acabam sendo um gasto a mais num momento crítico como o atual.

Isso sem falar que, como as micro e pequenas empresas são voláteis, a necessidade de contratar pode aparecer em um curto espaço de tempo.

Segundo o gerente, além de gastar com a rescisão contratual, é provável que o empresário gaste posteriormente com a contratação, uma vez que processo seletivo e treinamento demandam tempo e dinheiro. "É um pensamento improdutivo demitir hoje para contratar pouco tempo depois", afirma.

Opções para o empresário
De acordo com especialistas da entidade ouvidos pela Agência Sebrae, no lugar de demitir, a pequena empresa tem outras opções, como promover férias em esquema de rodízio, o que é muito propício no primeiro trimestre, controlar com mais rigor os custos fixos, levando em consideração estoques e contas a pagar e receber, fazer um controle de caixa mais seguro e renegociar prazos de pagamentos em contratos já firmados.

"Ninguém quer perder cliente neste momento de crise. Os fornecedores de pequenas empresas também não. Por isso, esta é a hora ideal para negociar a dilatação de prazos de pagamentos", diz ele.

Investir em liquidações dos produtos para gerar rotatividade de mercadorias paradas no estoque é outra opção para quem tem contas a pagar e não pode perder tempo e dinheiro.

Mas é hora também de o empresário repensar e reorganizar suas formas de aprovação de crédito do cliente. Vendas a prazo, que antes eram facilitadas, hoje devem seguir critérios mais rigorosos, com o intuito de combater a inadimplência.

Além disso, o gerente do Sebrae aconselha aos empresários socializar a compra de seus insumos. Ou seja, procurar seu concorrente para fazer compras conjuntas ajuda a reduzir os valores dos insumos e a barganhar o preço e o prazo de pagamento com os fornecedores. "Unir esforços é uma saída importante neste momento".

Mudança de horário
A gerente comercial da indústria paulista de tijolos ecológicos Tijol-Eco, Juliana Magalhães, informa que a empresa não sentiu até agora os efeitos da crise. Pelo contrário, com o setor da construção civil em alta, a indústria teve de contratar mais funcionários para operar as máquinas que produzem os tijolos de maneira ecologicamente correta.

Uma das alternativas estudadas pela pequena indústria é a mudança de horário dos funcionários para que atuem das 6h às 18h, em vez de trabalharem em três turnos. Isso porque, depois das 19h, a empresa de energia do estado cobra da indústria uma taxa extra por ela estar funcionando. "Isso vai nos dar uma economia interessante", diz Juliana.

Além disso, a gerente comercial conta que contratou um profissional para fazer a manutenção das máquinas, reduzindo assim os gastos com conserto de equipamentos.

Ela explica que o processo de produção dos tijolos utiliza terra e cimento e um sistema hidráulico de secagem, o que torna o custo final da obra 40% menor em comparação com o uso de outro tipo de tijolo.

Gestão sem crise
Esse tipo de alternativa é bastante recomendada pelos especialistas em gestão de crise. O economista e professor da Fundação Getulio Vargas, Francisco Barone, diz que as pequenas empresas também sentem os efeitos de uma crise na medida em que negociam com fornecedores, tomam crédito e precisam ajustar seus custos.

No entanto, Barone afirma que há um ponto positivo para os pequenos empresários: a maior proximidade com os funcionários, o que possibilita negociar com eles mais facilmente formas de afugentar a crise. "Flexibilizar a jornada de trabalho é sim uma opção interessante que não onera o empregador, não dispensa o empregado e ainda há certa economia de gastos fixos na empresa, como água, luz e telefone", opina.

Ele aconselha aos empreendedores procurar nichos de mercado diferentes para atender a vários públicos. Outro conselho é não usar o crédito pessoal para pagar dívidas da empresa. "Esses empréstimos têm juros muito mais altos. O mais interessante é procurar linhas de crédito voltadas para pequenas e microempresas", afirmou.

É hora de abrir uma empresa?
Na contramão da crença geral, o economista da FGV acredita que a crise pode representar uma oportunidade de investimento para quem deseja abrir um negócio. A dica, segundo ele, é não perder a oportunidade.

"Com um plano de negócios bem estruturado e um estudo de mercado em mãos, o empresário pode sim investir e ter bons resultados, mesmo em época de crise", afirmou. "Além disso, a busca por consultorias e orientação para pensar o empreendimento a longo prazo também são boas alternativas para se planejar e até mesmo se preparar para momentos econômicos mais complicados como o que vivemos".

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